Boa parte do que se sabe hoje sobre os hebreus se baseia em relatos contidos no Antigo Testamento, conjunto de livros que compõem a Bíblia, juntamente com o Novo Testamento. O Antigo Testamento reúne as Escrituras sagradas para os judeus. Embora misture acontecimentos e personagens históricos com seres e mitos de caráter sobrenatural, a Bíblia tem sido utilizada como referência para o estudo da história do povo hebreu.
Além dos relatos bíblicos, as pesquisas arqueológicas também contribuem para o conhecimento do passado hebraico. Em cavernas situadas às margens do mar Morto, por exemplo, foram descobertos pergaminhos do século I a.C. que desvendaram aspectos significativos da cultura desse povo.
Segundo o Antigo Testamento, ao saírem de Ur no II milênio a.C. os hebreus tinham por objetivo chegar a Canaã, na Palestina, território que Deus lhes teria destinado e, por isso, chamado por eles de ‘Terra Prometida. Por essa época, a sociedade hebraica estava organizada em clãs dirigidos por patriarcas. Abraão, um desses patriarcas, teria sido o responsável pela condução dos hebreus à Terra Prometida. Pesquisadores afirmam que, por volta do século XVIII a.C., eles teriam chegado a seu destino.
A Palestina, entretanto, já era habitada por outros povos, como os cananeus, os filisteus e os arameus. Estes últimos tinham importância particular, pois sua língua, o aramaico, era falada por todos os co- merciantes do Oriente Médio e tornou-se, durante o domínio persa, iclioma oficial dos povos que vi- viam entre o Eufrates e o Egito.
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A migração para o Egito
Por volta de 1800 a.C., fortes secas obrigaram os hebreus a deixar a Palestina e migrar para o Egito, onde se instalaram no delta do rio Nilo, dominado pelos hicsos. Em 1580 a.C., depois de expulsar os hicsos, os egípcios passaram a perseguir os hebreus. Liderados por Moisés, os hebreus conseguiram deixar a região por volta de 1250 a.C., rumando novamente para a Palestina.
A viagem, conhecida como Êxodo, ou fuga, teria durado quarenta anos. Moisés, que nascera no Egito, morreria no caminho, sem nunca conhecer a Terra Prometida. Antes, porém , de acordo com o relato bíblico, Deus teria lhe transmitido as Tábuas da Lei, nas quais estavam contidos o que hoje conhecemos como os Dez Mandamentos.
As doze tribos
O sucessor de Moisés foi Josué. Ele organizou os vários clãs em doze tribos, cada qual com uma porção de terra. Para comandar a guerra, as tribos passaram a escolher um líder, conhecido como juiz. Os juízes mais famosos foram Gideão, Jefté e Sansão, líder da luta contra os filisteus. Samuel, o último juiz , ungiu Saul como rei, em 1010 a.C. Saul foi sucedido em 1006 por Davi, que expandiu as fronteiras do reino hebreu.
A Davi se seguiu seu filho Salomão, que governou de 966 a.C. a 933 a.C. Em seu reinado, o comércio alcançou grande desenvolvimento. Um acordo firmado com os fenícios, por exemplo, previa a troca de trigo e óleo por madeira; da Ásia Menor eram trazidos cavalos, que os mercadores hebreus revendiam aos egípcios. No golfo de Ácaba, no mar Vermelho, foi construída uma fundição de cobre e um porto, ponto de partida e de chega- da de uma frota mercante equipada pelos fenícios. Em busca de madeira, pedras preciosas e ouro, esses navios chegavam a reinos longínquos.
A prosperidade tornou possível a construção de um grande templo em Jerusalém, destinado a guardar as Tábuas da Lei e o candelabro de sete braços, símbolos da religião dos hebreus e, hoje, de seus descendentes, os judeus.
O Cativeiro da Babilônia
Com a morte de Salomão em 933 a.C., o reino hebreu entrou em crise, levando à divisão das tribos. Duas delas constituíram o Reino de Judá, com capital em Jerusalém; as outras fundaram o Reino de Israel , com capital em Samaria.
Uma das causas da divisão foram as diferenças econômicas entre as duas regiões. O Reino de Israel, ao norte era mais urbanizado e mercantil; o de Judá, ao sul, mais agrícola e pastoril. Com a separação, as tribos do norte abandonaram o culto a Javé, permitindo a entrada de rituais estrangeiros; o sul permaneceu fiel ao monoteísmo tradicional.
Por volta de 722 a.C., o Reino de Israel foi anexado ao Império Assírio por Sargão II. Enquanto isso, o Reino de Judá mantinha uma política de neutralidade em relação aos povos vizinhos. Em 587 a.C., Na- bucodonosor conquistou Jerusalém e muitos hebreus foram deportados para a Babilônia. O episódio, registrado na Bíblia como o Cativeiro da Babilônia, duraria setenta anos.
Em 539 a.C., o rei persa Ciro tomou a Babilônia e permitiu que os hebreus escravizados retornassem à Palestina. Para abrigá-los, foi organizado no território correspondente ao antigo reino de Judá um pequeno Estado subjugado aos persas. A partir de então, os hebreus foram dominados por diversos povos.
Em 135 d.C., depois de uma rebelião fracassada, eles foram obrigados pelos romanos a deixar a cidade de Jerusalém. Resultou daí a chamada Diáspora, que quer dizer ‘dispersão’. Desde então, muitos judeus abandonaram a Palestina e foram viver em outras regiões, sobretudo no norte da África e na Europa.